Sobre o blog

Fiz esse blog para compartilhar minhas descobertas, registrar cada etapa
do meu desenvolvimento, e de certa forma para ajudar também outras pessoas a se conhecerem na media em que vou me descobrindo.
Futuramente quem sabe transformá-lo em um livro... Não pretendo me posicionar como especialista nos temas aqui tratados nem fazer colocações definitivas sobre qualquer fato, irei apenas falar dos fatos da vida através
da minha perspectiva, como um homem do meu tempo, cheio de falhas, e também com qualidades únicas, más no final apenas o produto das minhas experiências. É um local construído para nos ajudar a refletir e aprender sobre a maior dádiva que Deus nos deu. Nossas vidas.

06 setembro 2010

A fortaleza do nosso eu

Aqui neste blog eu falo muito sobre nossas falhas, limitações, carências,  angústias, mas apesar das limitações que todos temos, é importante também lembrar que temos muito para se orgulhar. Por muito tempo valorizei demasiadamente a opinião dos outros, valorizo ainda mais do que gostaria, mas cada dia menos. Também por muito tempo tentei alicerçar o vazio do meu eu interior através das expectativas de outras pessoas – acredito que em seu intimo todos desejam encontrar alguém que ajude em nossa descoberta interior, que reforçe o conceito de quem somos, que enxergue e reconheça a pessoa que gostariamos de ser, que seja testemunha da nossa história. Com o passar do tempo percebi que minhas tentativas de encontrar essa pessoa sempre terminavam frustadas, porque tentava construir minha fortaleza dando para a outra parte a responsabiliade de levantar os principais pilares da sua estrutura, e eles ficam fracos quando feitos por outra pessoa. Quando construidos desta forma não ficam fortes o suficiente para suportar o peso que a vida vai colocando sobre eles e dificilmente resistem às turbulencias e tempestades do dia-dia.

Seguimos nesta busca inútil e sem sentido até perceber que as únicas expectativas que devemos atender, a única pessoa com quem devemos nos comparar, que precisa ter certeza de quem somos... somos nós mesmos.

17 agosto 2010

Para gostar de outro... antes precisamos gostar de nós mesmos.

Por mais que planejemos a nossa vida é meio que imprevisivel, nunca sabemos o que pode acontecer no dia seguinte, que situações teremos que passar e que presentes a vida pode nos dar. Isso é fantastico pelas infinitas possibilidades que nos são colocadas cada vez que levantamos da cama, mas ao mesmo tempo assusta, amedronta e desafia – tudo ao mesmo tempo – são nesses momentos que a vida coloca à prova as nossas qualidades e trabalha os nosso defeitos,  onde temos oportunidade de crescer como pessoas, apreder mais sobre a vida e exercitar o melhor que podemos ser.

Um dos melhores presentes que a vida pode nos conceder é a possibilidade de conhecer pessoas especiais. Diferente da maioria, eu acredito que na vida conhecemos muitas delas, algumas ficam, outras passam rápido, mas sempre deixam a sua mensagem. Neste ultimo ano a vida colocou no meu caminho uma pessoa assim. Logo que a conheci percebi que tinha algo de diferente no seu olhar, a principio não dei muita importancia mas quando percebi já tinhamos nos tornado bons amigos.

Com ela pude ver de perto que um sentimento distorcido pode colocar a perder coisas importantes na nossa vida. Não precisa ter muita experiência com relacionamentos para perceber que um amor para ser verdadeiro precisa tirar de nós o que temos de melhor e não nos transformar em pessoas que não gostaríamos de ser para atender a expectativa do nosso parceiro. Estou cansado de ver pessoas abrindo mão da sua personalidade em função de uma relação a dois que na maioria das vezes é motivada por uma carencia afetiva e não por confiança, admiração e respeito. Uma parte coloca na outra a responsabilidade pela sua felicidade, e por achar pouco, ainda responsabiliza o parceiro pelas suas frustrações.

Certa vez uma pessoa me disse:
- Ideal seria que todas as pessoas soubessem amar o quando que sabem fingir.
E eu respondi para ela:
- Sabe porque que as pessoas não sabem amar o tanto que sabem fingir?
- Não.
- Porque nós temos medo de dizer que somos... e é impossivel manter uma relação com uma alguém que não nos conhece verdadeiramente, que na realidade conhece um eu que no íntimo do nosso ser não existe.
Ela abaixou a cabeça pensativa. Eu parei alguns segundos e continuei:
- E você sabe porque nós temos medo de dizer quem somos?
- Não, por que?
- Porque é tudo que nós temos... e a outra parte pode não gostar... E é por isso que a maioria das pessoas quando entram em uma relação – seja ou não amorosa – usam mascaras... na verdade não com o objetivo de enganar mas de se proteger.

A maioria das pessoas sofrem nas suas relações porque não conseguem diferenciar o que elas imaginam da realidade. Já foi provado científicamente que a nossa mente não consegue diferenciar o que imaginamos da realidade, nosso cérebro não consegue diferenciar entre ações sendo imaginadas e executadas. Você duvida, vamos fazer um teste. Concentre-se, feche os olhos e imagine que vc está em pé na frente do o amor da sua vida, que ele está na sua frente, seus narizes estão a 5cm de distancia, tente lembrar de cada detalhe do seu corpo, imagine a roupa, o cabelo, sinta a aproximação, 4cm, 3 cm... ele vai te beijar... está sentindo o seu coração... consegue imaginar a respiração dele... pois bem... a nossa mente é meio burrinha nesse ponto... de fato está provado... o ser humano tem as mesmas reações quimicas para ações imaginadas e executadas.

Nós escolhemos da forma errada, idealizamos a outra parte em função das nossas carencias, para sermos aceitos e atender a expectativas de outros, abrimos mão dos nossos principios, e ainda nos fazemos de vitima quando tudo dá errado. Caramba, se você não consegue ser feliz sozinho o que faz pensar que conseguirá com outra pessoa. Abrir mão de sí mesmo para se moldar ao tom do parceiro não resolve nada, muito pelo contrario. Não está na cara que para poder-mos gostar de outra pessoa precisamos primeiro gostar de nós mesmos. Pelo que temos que passar para perceber que uma relação não nos faz mais bem? Quando vamos perceber que estamos viciados nas sensações que o outro nos provoca, e que isso não é amor? Perceber que em hipotese alguma devemos abrir mão de quem somos, que nossas escolhas precisam ser tomadas em função de nossos valores e não para atender os desejos de alguém. Uma relação a dois precisa ser construída com base na confiança e no respeito. Quando pelo menos um deixa de existir talvez seja a hora de começar a perguntar se a relação ainda vale a pena, se estamos envolvidos por amor ou por medo, medo de ser rejeitado, de se sentir sozinho, de não conseguir ser feliz de novo. Já ví muitas relações que se mantiveram por muito tempo com o medo prevalescendo sobre a confiança e o respeito, mas todas foram desastrosas para ambas as partes.

Particularmente acho que cada um sabe a sistuação que está vivendo, sei que não podemos e nem devemos julgar ninguém independente de qual seja a sua história, nós seres humanos criamos laços emocionais com muita fascilidade, alguns muito intensos, muitas vezes nos tornamos refens deles, e por isso nos comportamos “um pouco diferente do que fariamos normalmente”. Mas de toda forma o nosso tempo é limitado, as fases da nossa vida passam depressa e não voltam mais, desperdiçar o nosso tempo com relações que não valem mais apena é desperdiçar a nossa vida. Não devemos dar a outra pessoa a responsabilidade da nossa felicidade porque essa é uma missão que só nós podemos cumprir.

11 junho 2010

Lya Luft - Multipla Escolha



Há muitas maneiras de encarar a nossa existência: como um trajeto, um naufrágio, um poço, uma montanha. Tantas visões quantos seres pensantes, cada um com sua disposição: cética, otimista, trágica ou indiferente.
Neste livro ela é um teatro, e um cenário com muitas portas, que estavam ali ou que nós desenhamos.

Algumas só se abrem, outras só se fecham; outras ainda se escancaram sobre um nada.

Quando abrimos uma delas — nossa múltipla escolha — é que se delineia a casa que chamamos nossa existência, e começam a surgir os aposentos onde vamos colocar mobília, objetos, janelas, pessoas, um pátio que talvez leve a muitos caminhos.

“Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce”, disse alguém. Nunca esqueci: é sobre esse esforço de viver que eu escrevo há tantos anos.
Humanos, portanto ambíguos, a imagem nos serve bem: para cima nos atraem novidades sempre renovadas, caminhos inimagináveis anos atrás, desafios que estimulam e assustam. Para baixo nos puxam as sombras do desencanto e da depressão, da acomodação, dos receios e do esquecimento na futilidade ou nas drogas, no álcool, nos medicamentos.

A visão não é necessariamente derrotista: crianças sobem por esse lado invertido das escadas rolantes, e nós, mesmo não sendo crianças brincando (ou brigando), tentamos vencer os degraus do que chamamos existência.

Mas a contradição faz parte de nós. Desejamos permanência, e destruímos a natureza. Nos consideramos modernos, e sufocamos debaixo dos preconceitos. Politicamente corretos, perdemos a naturalidade e o brilho. Onerados por crenças infundadas, carregamos na mala da culpa as pedras do medo.

Entre opostos tão diferentes como desejo de alegria e o peso de crenças sombrias (“a quem Deus ama ele faz sofrer”), entre ânsia de autonomia e o conforto da prisão, entre o desejo de progredir e a carência de líderes confiáveis, busca de saúde e lento suicídio nas drogas, nem sempre sabemos o que decidir, e muitas vezes nos deixamos levar.
Medicados (a pressão, o peso, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), exasperados e indecisos, cedo recorremos a expedientes até para amar, porque nossa libido, quimicamente cerceada, falha; e a alegria, de tanta tensão, nos escapa. 

Nosso olhar é turvado por lentes que deformam. Comer e cozinhar tornaram-se um must, mas sentamos diante dos melhores pratos recitando os prejuízos da comida: os quilos a mais, o colesterol, o açúcar no sangue. Alardeia-se o sexo como nunca antes, e nos julgamos liberadíssimos, mas as lendas sobre desempenhos nos causam medo. Cheios de remédios como vivemos, precisamos ressuscitar a libido com mais medicamentos.

Moramos em edifícios e condomínios de luxo, os miseráveis morrendo de fome e frio ou drogas na noite das nossas ruas. Há muitas novas distrações lá fora, mas estamos encerrados atrás de altos muros, vigiados por câmeras de segurança, grades nas janelas.

Vivemos no interior almejando a vida interessante na cidade grande, onde o narcotráfico impera e a violência nos desorganiza; na cidade grande, sonhamos com a plácida rotina das aldeias. Nem numa nem em outra encontramos paz, porque as pequenas cidades já são procuradas pelos criminosos que ali esperam vítimas mais despreparadas.

Violência doméstica e urbana nos tornam prisioneiros em casa, violência no campo desanima produtores, direitos humanos privilegiam os criminosos e abandonam as vítimas. A justiça se trava e confunde com uma teia de leis caducas ou não aplicadas.

Queremos afeto, mas família vai ficando complicado demais: como filhos, queremos fugir dos pais, que nos irritam e parecem nada ter a ver com a nossa realidade; como pais, nos intimidam filhos que não conseguimos entender. As mudanças rápidas nas relações pessoais nos enchem de desconfiança. Além disso, não sabemos nos comunicar: confundimos palavra e grito, silêncio e frieza.

Funcionamos como solidões em grupo, embalados pelo sonho de uma fusão impossível que aliviasse nossas inquietações e nos desse significado.

O olho do outro está grudado em mim e me sinto permanentemente avaliado, nem sempre aprovado: se eu não for como sugerem ou exigem meu grupo, família, sociedade, se não atender às propagandas, aos modelos e ideais sugeridos, serei considerado diferente. Como adolescentes queremos ser iguais à turma, como adultos queremos ser aceitos pela tribo: a pressão social é um fato inegável. Não controlada, ela nos anulará.

Carentes de orientação e autonomia, com informação insuficiente ou distorcida, não estamos muito interessados em analisar, quem sabe mudar. No esforço de sobreviver cumprindo mil tarefas, a gente passa correndo, lê os cartazes de propaganda, assiste à tevê, critica os políticos, e olha sobre o ombro do vizinho ou colega: o que ele tem e eu não tenho ainda?

Com alguma determinação talvez até se consiga reverter a direção em que correm os degraus, ou escapar para o lado melhor de subir, conduzindo de um jeito positivo nossa história e a da nossa sociedade.

Eventualmente sentimos que valeria a pena o esforço: compreender, cultivar alguma crença, ter esperança, atuar na comunidade, no país, no mundo. Embora a gente esqueça isso, somos minúsculas peças numa estranha engrenagem.

Cada uma tem o seu valor.
É estranho pensar que tudo tem sua importância: o modo como levo o copo d’água à boca, o jeito como olho meu filho, dirijo meu carro, escrevo meu texto, prendo o botão da camisa com o cheiro da pessoa amada, cavo minha cova ou como uma fruta. Tudo modifica o mundo, tudo depende (em parte) de mim.

Surpresa de ver que valho tanto, desconforto pelas responsabilidades que não desejei.
Mas também somos bons ou amorosos, curtimos esperança, inventamos coragem, cuidamos dos outros, fazemos com honra nosso trabalho: lutando contra o receio de que o amor nos torne vulneráveis, a delicadeza nos faça parecer fracos, e de que, não sendo céticos, os outros pensem que somos tolos.

Não somos um mero feixe de aflições. Podemos ser lúcidos, informados e atuantes. Liderar nosso grupo, criticar o que nos parece errado, sentir indignação — mas quase sempre nos falta parceria para agir de verdade, e nem sabemos direito o que fazer. Então a gente se atordoa acumulando objetos e espaços vazios. Botar que coisas em que lugares, para que haja harmonia, para a gente se sentir bem, e construir projetos?

É algo a descobrir ou elaborar, nesse misto de coerência e vago delírio do nosso cotidiano. Não somos apenas bonecos manipulados, mas coautores (nosso parceiro é o mistério) de algumas cenas disso que chamamos (e usamos como desculpa) de “nosso destino”.

1º Capitulo do Livro Multipla Escolha de Lya Luft





27 dezembro 2009

A Pequena Alma e o Sol

Certa vez, existiu uma alma que sabia que era a luz. Sendo uma alma nova, ansiava por experiência. "Eu sou a luz", dizia repetidamente. Mas todo o seu conhecimento e todas as suas palavras não podiam substituir a'experiência de ser a luz. E na esfera onde essa alma surgiu, só havia luz. Todas as almas eram sublimes e magnificentes, e irradiavam o brilho da Minha grande luz. E por isso a pequena alma em questão era como uma vela sob o sol. No meio da luz maior - da qual era parte - não podia ver a si mesma, experimentar-se como Quem Realmente Era. Acontece que aquela alma desejava muito conhecer a si mesma. Tão profundo era esse seu desejo que um dia Eu lhe disse:
- Você sabe, Pequena Alma, o que deve fazer para satisfazer o seu desejo?
- Ah, o que, Deus? O quê? Eu farei qualquer coisa - disse ela.
- Deve separar-se do restante de nós - disse Eu - e então evocar a escuridão.
- O que é a escuridão, ó Santíssimo? - perguntou a pequena alma.
- O que você não é.
E a alma compreendeu. Afastou-se do todo, chegando a ir até outra esfera. Nela, teve o
poder de experimentar todos os tipos de escuridão. E o fez.
Contudo, no meio daquelas trevas, gritou:
- Pai, Pai, por que me abandonastes?
Vocês têm feito isso em seus momentos mais difíceis. Entretanto, eu nunca os abandonei. Estou sempre ao seu lado pronto para lembrar-lhes Quem Realmente São, para chamá-los  de volta ao lar. Por isso, sejam uma luz na escuridão, e não a amaldiçoem. E não se esqueçam de Quem São no momento em que forem rodeados pelo que não são. Mas louvem a criação, mesmo quando tentarem mudá-la. E saibam que aquilo que fizerem no seu momento de maior sofrimento poderá ser a sua maior vitória. Porque a experiência que criam é uma afirmação de Quem São - e de Quem Desejam Ser.

Conversando Com Deus - Volume 1 - Neale Donald Walsch

15 junho 2009

Máscaras do dia-a-dia

Pessoas que não se conhecem têm medo de mostrar como são verdadeiramente por medo de não serem aceitas. A sociedade sempre colocou no decorrer da história valores “fundamentais” para a vida das pessoas – você precisa ganhar dinheiro, ter um carro e uma casa bonita, uma família perfeita, e principalmente “ser bonito” de acordo com os padrões estéticos por ela definidos –, por isso na maior parte das situações ao invés de permitir nos conhecer, temos medo de não se enquadrar no perfil e nos empenhamos em pintar uma mascara que nos deixe o mais parecido possível com o que “as outras pessoas” querem que sejamos. Esquecemos que somos especiais justamente por ter particularidades que tornam cada ser singular e único.
Poucas são as pessoas que tem o privilégio de conhecer verdadeiramente a essência de uma pessoa, aquilo que fica atrás das mascaras, das formalidades, das atitudes motivadas pelo medo da rejeição. Isso normalmente acontece quando uma das partes é corajosa o suficiente para ser a vidraça e se colocar para a outra parte sem interferência de qualquer referencial externo, considerando apenas os seus sentimentos e percepções. Isso acontece com irmãos, pais e filhos, melhores amigos, namorados, em casamentos, com os nossos melhores relacionamentos. Quando isso acontece os laços criados são tão fortes que passamos a contar com aquela pessoa para o resto da vida.
Más se as pessoas que nos conhecem de verdade nos amam, nos querem bem, nos admiram, porque o medo de não ser aceito ainda é tão grande dentro de cada um de nós?
Acho que a resposta é diferente para cada pessoa, e tem muito haver com a bagagem que cada um carrega no decorrer da vida, como diria Lya Luft:
As ferramentas para executarmos a tarefa de viver podem ser precárias. Isso quer dizer: algumas pessoas nascem mais frágeis que outras. Um bebê pode ser mais tristonho do que seu irmão mais vital. Não é uma sentença, mas um aviso da madrasta Natureza. O meu diminuto jardim me ensina diariamente que há plantas que nascem fortes, outras malformadas; algumas são atingidas por doença ou fatalidade em plena juventude; outras na velhice retorcida ainda conseguem dar flor. Essa mesma condição é a nossa, com uma diferença dramática: a gente pode pensar. Pode exercer uma relativa liberdade. Dentro de certos limites, podemos intervir. Por isso, mais uma vez, somos responsáveis, também por nós. Somos no mínimo co-responsáveis pelo que fazemos com a bagagem que nos deram para esse trajeto entre nascer e morrer. Carregamos muito peso inútil. Largamos no caminho objetos que poderiam ser preciosos e recolhemos inutilidades. Corremos sem parar até aquele fim temido, raramente nos sentamos para olhar em torno, avaliar o caminho, e modificar ou manter nosso projeto pessoal.
Acredito que não exista uma poção mágica que seja tomada para resolver tudo. Mas sei que a partir do momento que atingimos maturidade suficiente para se olhar no espelho, e enxergar de verdade e sem idealizações a imagem refletida, estamos prontos para fazer as nossas perguntas e se aventurar pela nossa história na busca por cada resposta.

11 abril 2009

Aquela conversa...




Ela com um sentimento alternado entre medo, insegurança e incerteza, respirou fundo, olhou nos seus olhos e perguntou com uma voz doce e suave.
- Então o que você sente?
Para ele o seu rosto sempre foi um livro aberto. Ele fazia facilmente a leitura da tristeza e do medo que ela tinha da sua resposta não atender as suas expectativas. Ele pegou a sua mão direita com muito cuiadado e colocou sobre a dele, e com uma voz tranquila e sincera respondeu.
- É um sentimento diferente, pois eu ainda não consigo ver com precisão a linha que separa o que você é do que eu imagino que você seja, como agente não se conhece muito bem, eu ainda fantasio muito como você seria ou agiria em certas situações, como seria o seu ponto de vista em relação a certos assuntos, como você me vê, o que eu represento para você, e isso torna tudo muito misterioso. Diante dessa dualidade eu prefiro acreditar no que “eu sinto que você é”, e alimento meus sentimentos em função disso. O que menos importa neste momento é o conceito do que sentimos um pelo outro, com o tempo vamos nos conhecer cada vez mais, e quanto mais isso for acontecendo menos dualidade vai existir na nossa relação e mais forma terá o sentimento que temos um pelo outro, nós daremos forma para ele com as nossas atitudes, as nossas escolhas. A grande idiotice que eu vejo na maioria das pessoas é que elas não conseguem ver o quanto é mágico esse período de descoberta mútua, de crescimento, de amadurecimento para ambas as partes. Muitas pessoas fingem que essa fase não existe, acabam idealizando o parceiro, e depois de um bom tempo, apenas quando começam as brigas, discussões, mentiras, muitas vezes traições, percebem de verdade um ao outro e se decepcionam amargamente. Quero curtir cada momento das nossas descobertas, as inseguranças, incertezas, carências, as risadas, piadas sem graça, olhares, beijos, abraços. Independente do que venhamos a descobrir com a nossa experiência, teremos sempre certeza que fomos sinceros um com o outro. Se essa experiência irá valer apena, só poderemos saber nos arriscando.
- Estou confusa, em certas situações você aparenta ser uma pessoa, depois outra. Gostaria de saber como você é de verdade, más não consigo.
-Bem, eu não sei ao certo que eu aparento ser, mas sei o que eu sou e o que eu gostaria de ser. Na verdade hoje o meu maior desafio é aproximar o abismo que existe entre esses dois pontos. Não sou perfeito, tenho inúmeras limitações e pontos que gostaria de melhorar, sou inseguro quando gostaria de ter autoconfiança, orgulhoso quando gostaria de ser humilde, saboto a mim mesmo deixando de ouvir o meu coração, e de acreditar nos meus sentimentos, nas minhas experiências. Más acredito na verdadeira essência das pessoas, no amor, em Deus, - independente do nome que as pessoas dão para ele - e apesar de às vezes não compreender certas situações ao qual tenho que passar, acredito que nada nessa vida é por acaso e que existe tempo determinado para todo propósito debaixo do céu, principalmente para nossa existência.
Ele respirou e continuou.
- Eu não sei se a pessoa que eu sou é a mesma pessoa que você acha que eu sou, más espero que com o passar do tempo, conforme formos nos conhecendo eu não te decepcione muito. Diante de tudo isso ao menos uma coisa eu posso garantir. Eu sou real, um ser humano como qualquer outro, “único”. De acordo com o dicionário Houaiss, significa o que é raro, excepcional, exclusivo, incomparável, superior, singular, exímio, notável, querido, benquisto. Não só me vejo assim como vejo assim também todas as outras pessoas, inclusive você.

15 março 2009

Viver é uma permanente reinvenção de si mesmo

Uma das coisas que percebo com mais freqüência na maioria das pessoas ­- muitas vezes até em mim mesmo - é que não conseguimos enxergar nem medir o abismo que existe entre o que somos e o que gostaríamos de ser. Inúmeras foram às vezes em que me deparei com situações do tipo, “não acredito que estou agindo assim de novo”, ou me enganando com promessas do tipo “essa foi a última vez, a partir de hoje vou mudar.” Sei o quanto pode ser dolorosa uma mudança e por isso gostaria de compartilhar uma coisa que pode ajudar nessas horas, diminuindo um pouco a distância do abismo que separa o que você é hoje da pessoa que gostaria de se tornar.
Seja fiel a você mesmo, e procure transformar seus princípios em experiências pessoais...
Por muito tempo na minha vida eu me preocupei apenas em adquirir conhecimento, estudei e ainda estudo sobre os mais variados assuntos, lí os mais variados livros, más chega um tempo na nossa vida ao qual percebemos que os conceitos que aprendemos e julgamos saber só fazem parte de nós verdadeiramente quando os transformamos através das nossas próprias experiências. Como diria Lya Luft:
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.”
Ser fiel a si mesmo significa viver as próprias experiências, ter maturidade suficiente para perceber que são apenas as nossas experiências, e que elas não determinam como o mundo tem que ser.
Esse é um momento interessante da vida, passamos a perceber quantas decisões importantes temos que tomar para chegar lá, e o quanto que não damos atenção a elas. Decisões que aos olhos de uns parecem fáceis, para outros são enormes desafios, esses que para serem superados requerem nobreza, caráter, humildade e coragem. Particularmente acho que essa dualidade dá um charme especial a vida, são esses desafios que tiram de dentro de nós o que temos de melhor, nos fazendo perceber o quanto somos especiais, o quanto é fundamental o nosso papel no mundo, – papel muitas vezes bem maior que a nossa mente pode compreender – e ao mesmo tempo nos mostra o quanto podemos melhorar.

07 fevereiro 2009

Quantos anos você tem? [Não responda. Não é uma pergunta obvia...]


Hoje é sabado, dia 7 de fevereiro de 2009, faltam poucas horas para o meu aniversário. Há certo tempo ,quando esta data se aproximou, me lembro de estar conversando com um amigo sobre aprendizado e maturidade, quando ele perguntou-me:
-Quantos anos você tem?
-Você sabe ora! Vint...
-Não responda. Essa não é uma pergunta obvia...
Ele nem me deixou completar a frase. E nesse momento parei para refletir um pouco sobre o que ele estava tentando me dizer.
No mundo atual em que vivemos se confunde muito “maturidade” com “idade”. Algumas pessoas acham que é a quantidade de coisas que acontecem na nossa vida que nos dá experiência, maturidade. Outras acham que são as coisas propriamente ditas. Não digo que existe um ponto de vista mais certo que outro, mas penso que não são de fato as experiências em si, que fazem a diferença na nossa vida, que nos fazem aprender, mudar, desenvolver. São as lições que tiramos delas, e o que decidimos fazer da nossa vida após isso.
A mesma experiência pode ser diferente para duas pessoas, isso vai variar de acordo com o que cada um tem dentro de si, com o tipo bagagem que juntamos durante a vida e carregamos até hoje. Existem pessoas que “vivem” todos os capítulos da vida, página a página. Outras apenas passam por elas. Hoje eu acredito que este seja o maior desafio do ser humano, viver, sentir os momentos, e dar ouvidos à nossa força interior. Aquela que nos diz o que temos que fazer, e que nunca fazemos. Por quê? Por medo talvez...
Nós, seres humanos, somos como flores. Temos uma beleza complexa. Somos todos únicos. Diferentes. Podemos brotar entre as pedras ou num jardim. As nossas raízes e limitações nos prendem. Os nossos espinhos agridem e nos protegem. Podemos desabrochar, tornarmo-nos frutos. Passamos por chuvas e manhãs de sol. Algumas vezes precisamos de adubos, podas, alguém que nos regue. Mas acima de tudo queremos nos sentir ser amados e ser felizes.
Bem, quanto mais o tempo passa, mais nos conhecemos, e descobrimos os vários mundos perdidos que existem dentro de nós. E ao mesmo tempo vamos percebendo e mensurando a distancia que existe entre o que somos hoje e o que gostaríamos de ser. Quer saber uma forma de aproximar mais esses dois pontos? Pare de se omitir para você mesmo. Pare de pintar pro seu inconsciente a imagem de alguém que não existe, se aceite com tudo que você é hoje, pontos fortes e fracos, e seja feliz com o que você tem. Só a partir de então podemos evoluir. E entender que todos os seres humanos são especiais por serem eles mesmos. Como diria o Sr. Arita, “Existem, existiram e existirão vários líderes. Más jamais existirá alguém como você!”
Albert Einstein, cientista e ganhador do Prêmio Nobel, disse certa vez: “Problemas importantes que enfrentamos não podem ser resolvidos com base na mesma forma de pensar que tínhamos quando eles surgiram. Você precisa aprender a pensar de uma nova maneira, precisa de uma ‘mudança de paradigma’”.
E finalmente respondendo a pergunta do começo do texto, ainda não descobri uma forma de medir a idade partindo desse ponto de vista, mas posso dizer que 23, 33, 45 ou 60 anos não dizem nada sobre uma pessoa.

21 janeiro 2009

Meta para a vida.


Hoje pela manhã enquanto lia meus e-mails como de costume, me deparei com o seguinte texto escrito por Seth Godin no seu blog http://sethgodin.typepad.com/.
Essa é a minha tradução:
“Ter metas é auto-cobrança.
Se você tem uma meta (corporativa, vendas, carreira, atlética, familiar, etc) então você pode fazer o seu melhor. Você não terá o que vier primeiro. Você priorizará constantemente as coisas importantes. Se você não tem uma meta, você nunca vai se preocupar em perdê-la (ou alcançá-la). Se você não tem uma meta você não precisa dar desculpas também.
Não ter uma meta leva você a agitação, ou a ter mais diversão, ou gastar seu tempo fazendo o que importa agora, que é apesar de tudo, o momento que você está vivendo!
O que todos pensam sobre metas é que viver sem elas é mais divertido, a curto prazo.
Isso parece para mim, entretanto, que as pessoas que fazem as coisas acontecerem, que lideram, que crescem e que fazem impacto, que essas pessoas tem metas!”
O texto tem muito haver com a realidade de muitas pessoas que conheço, e que infelizmente não tem nada definido na vida.
O que quero ser? Aonde quero chegar? Que tipo de pessoa quero me tornar?
Faço essas perguntas a todo o momento, antes de cada escolha ou decisão que tenha que tomar, assim tenho como saber se estou sendo integro comigo mesmo. E se estou contribuindo para a mudança que gostaria de ver no mundo.
Falar e se enganar é muito fácil, conheço poucas pessoas que percebem o quanto é difícil se tornar aquilo que queremos ser, e que existe um abismo enorme entre aquilo que achamos que somos e o que somos de verdade. Como a nossa mente não consegue distinguir a diferença entre os dois
Conheço varias pessoas que tem uma vida apática, e ilusória. Acreditando nas mentiras que contam para si mesmas. Deixamos de evoluir. Não estabelecemos metas. E vivem em função do próximo final de semana. Como diria o Zeca pagodinho, “deixando a vida lhes levar”.
O que tenho a dizer sobre isso?
Pare agora de ser coadjuvante e passe a ser o autor e personagem principal da sua história. O que passou vai servir como base, apenas isso. Pare de se apoiar nas paredes daquilo que você aprendeu e tenha coragem para se aventurar no novo, no desconhecido, pois é assim que aprendemos e evoluímos. Faça um plano para sua vida. Seja fiel a ele. Durante a sua jornada use essas três perguntas como bússola para lhe orientar sobre o caminho que deve seguir. E lembre-se que não é o seu passado, sua história - seja ela de vitórias ou derrotas - nem as suas palavras, mas as suas atitudes que definem o que você é.

01 janeiro 2009

Confiança, a palavra chave para 2009 ou para nossa vida?


Ontem na visita que fiz ao blog da HSM, encontrei o post “Confiança, a palavra chave para 2009”, escrito pela senhora Adriana Salles. Acredito que o objetivo do post seria colocar a confiança como palavra chave para 2009, no entanto me pareceu um pouco pessimista.
Dentro da minha limitada experiência, percebi que somos nós quem criamos a nossa própria realidade. E que costumamos enxergar nas outras pessoas um reflexo do que nós somos.
Acredito que o sentimento que a senhora Adriana Salles tentou definir no texto não seja necessariamente falta de confiança nos outros, mais falta de auto-confiança. Não falo da Adriana especificamente, mais dos seres humanos em sua essência. Temos a nossa autoconfiança tão fraca que em 90% das situações em que alguma coisa nova está em cheque pensamos primeiro no que temos receio e depois muito raramente no que de fato gostaríamos que acontecesse.
Para ilustrar isso podemos tomar como exemplo o caso do email não respondido (citado no post da Adriana), existem inúmeras possibilidades que justificariam a falta de uma resposta. Mais nutrimos na nossa mente o que não gostaríamos que tivesse acontecido, e criamos assim a nossa realidade, não porque não se pode confiar no outro, mais porque não temos autoconfiança, nem amor próprio. E como são poucas as pessoas que tem maturidade suficiente para trazer para sí a responsabilidade dos seus sentimentos, costumamos culpar a outra parte.
Confiança, pré-desconfiança, desconfiança e autoconfiança. Palavras parecidas, mas com sutis diferenças de sentido. No final do post a Adriana nos pergunta em quem não confiamos e em quem estamos dispostos a confiar novamente em 2009:
Como resposta, digo que existem sim pessoas que não confio sem ter motivo para isso, e nesses casos eu costumo dar muito ouvidos a minha intuição (feeling) para tomada de decisão, principalmente quando se trata de pessoas em um processo seletivo por exemplo, ou para fechar algum negócio estratégico. No entanto isso não é determinístico, todas as situações são diferentes e tem particularidades que merecem ser levadas em consideração sempre.
Acredito que todas as pessoas merecem uma primeira e até segunda chance. E que na maioria das vezes que nos sentimos desconfortáveis com alguém, a responsabilidade não é da outra parte, más nossa.
Confiança pode sim ser a palavra que vai marcar 2009, mas isso vai depender do que nutrir-mos na nossa mente. Somos nós quem criamos a realidade, se mudar-mos a nossa mente mudamos também a realidade. É aí que está o grande desafio.
Feliz 2000 Inove!!!
;D